História/Memória

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) foi criada em 08 de junho de 1948, sendo uma das mais antigas sociedades científicas do Brasil. Seus fundadores, Prof. Maurício Rocha da Silva, Paulo Sawaya e José Reis, enviaram uma circular a pessoas qualificadas em todo o país, com o objetivo de estabelecer uma sociedade nos moldes das associações científicas presentes na Inglaterra, Estados Unidos e Argentina. Com a participação de 256 sócios-fundadores provenientes de diversas regiões do Brasil, a associação foi oficialmente criada com a presidência de Jorge Americano, tendo Rocha e Silva como vice-presidente, Paulo Sawaya como tesoureiro, Gastão Rosenfeld como secretário e José Reis como secretário-geral. Nas assinaturas do documento de fundação identifica-se a presença de mulheres cientistas, tais como Berta Lange, Linda Nahas, Annita Cabral, Jandyra do Amaral, Veronica Rapp e Anita Carrijo. 

Desde o seu início, a SBPC demonstrou grande interesse na institucionalização da ciência e no progresso científico e tecnológico do Brasil. Inspirada pela tendência internacional pós-guerra, a sociedade buscou unir e mobilizar cientistas, além de estabelecer conexões com associações similares em outros países. Para reforçar seu caráter nacional, a SBPC passou a realizar suas reuniões anuais em diferentes cidades brasileiras, incentivando a formação de divisões regionais, posteriormente conhecidas como unidades e secretarias regionais, para representação mais ampla da sociedade. 

A partir de 1949, a SBPC começou a registrar e divulgar atividades científicas para o público em geral, o que resultou em uma rápida expansão por todo o país, estabelecendo representações nos diversos estados. As primeiras divisões regionais foram formadas em Curitiba, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A Divisão Regional do Recife foi organizada simultaneamente à Divisão Regional de Salvador, conforme consta em ata da reunião do Conselho e Diretoria da SBPC em 10 de julho de 1951. O professor Paulo Sawaya deslocou-se para ambas as capitais para auxiliar na organização. Em Recife, a comissão de organização foi composta por Newton da Silva Maia, Nelson Ferreira de Castro Chaves, Luiz Siqueira Netto, Aluizio Bezerra Coutinho, Luiz Siqueira Carneiro e Bento Magalhães Neto, e Newton da Silva Maia foi indicado como o primeiro secretário em 1951.

 

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O objetivo do livro "Memórias da SBPC Regional de Pernambuco" é sistematizar os recortes da história institucional para contribuir no processo de visibilização e preservação da memória social. O projeto desta obra foi iniciado a partir da problematização realizada pela secretária regional Maria do Carmo Figueredo Soares, biênio 2019-2021, sobre a história institucional. Este primeiro momento foi seguido por pesquisas de fonte primárias e secundárias, diálogos e escritas de depoimentos por secretários e secretárias regionais, diálogos com outras instituições e muito apoio do Centro de Memória “Amélia Império Hamburger”, no qual tive a honra de consultar fontes minuciosamente preservadas. Direcionar o olhar ao passado significa adentrar a compreensão das relações sociais e institucionais do presente e visualizar perspectivas futuras. Relembrar coletivamente momentos e acontecimentos nos faz concordar com Ecléa Bosi que, em "O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social", afirma que o passado reconstruído não é um refúgio e que a memória é uma fonte geradora do futuro, pois ela envolve o pertencimento coletivo e social. São quase 72 anos de existência desta Regional, um período em Pernambuco no qual foram consolidadas universidades públicas, entre elas a Universidade Federal de Pernambuco, a Universidade Federal Rural de Pernambuco, a Universidade de Pernambuco e os Institutos Federais de Pernambuco; a Facepe, Fundação de Amparo à Ciência de Pernambuco e o Espaço Ciência, todos momentos da história na qual a ciência evoluiu no mundo, no Brasil e nesse Estado do Nordeste brasileiro. A SBPC faz parte da história científica de Pernambuco desde o início da década de 1950. A Secretaria Regional de Pernambuco foi exercida por cientistas de diferentes áreas do conhecimento, pessoas que representavam lideranças em outras instituições de ensino, de pesquisa e de saúde. Pontuar a memória institucional da SBPC consistiu em um trabalho de busca, pesquisa, organização e disponibilização para ressaltar uma parcela da história que, inclusive, envolve outras instituições. Isso significa preservar a memória do pioneirismo das pessoas e instituições que contribuíram para a existência de cursos de graduação, grupos de pesquisa, cursos de pós-graduação e laboratórios em diversas áreas do conhecimento, entre outras conquistas sociais que envolvem o cotidiano científico. Nesse contexto criativo, foi gerada a proposta de elaboração de uma coletânea a partir da contribuição interdisciplinar de um coletivo de pessoas que abraçaram o projeto de escrita e publicação de um primeiro volume que versa sobre o histórico da fundação, os secretários e as secretárias regionais, as Reuniões Anuais e Regionais e a Regional inserida no mundo virtual, incluindo-se uma imersão em temas que envolvem a Regional e sua relação midiática. O texto de registro da memória está organizado a partir de muitos fios, configurando uma rede que compõe, até a atualidade, a trajetória da ciência atrelada aos obstáculos e conquistas sociais e políticas que o país e o Estado vivenciaram. Uma rede tecida por pessoas e fatos que marcaram a origem, o processo de organização e de legitimidade de uma sociedade científica que se mantém respeitada por mais de sete décadas, que sobreviveu à ditadura e, mais recentemente, ao governo de extrema direita nos anos de 2019-2022. As duas gestões da SBPC Regional de Pernambuco, 2019-2021 e 2021-2023, pensaram e executaram a escrita deste livro e realizaram atividades no contexto da pandemia do covid-19, no total de três anos (2020-2023). Foi um momento de nossa história em que a SBPC esteve, como sempre, muito presente no diálogo com a sociedade. Tal aproximação está expressa especialmente na criação do “Observatório do Coronavírus” e na realização da mostra de vídeos “As ciências e a pandemia do covid-19”. Como foi mencionado, a escrita esteve marcada pelo período de governo federal de extrema direita. Por isso, em momentos tão conturbados, a SBPC criou o “Observatório das Eleições 2022”, as quais marcaram o retorno do Brasil à democracia e a luta pela reconstrução do país. O livro se organiza em sete capítulos, os quais são descritos a seguir. No primeiro, "Fundação e informações da SBPC-PE", há um histórico sobre a fundação da Regional e um relato sobre a trajetória da SBPC-PE, em texto assinado por Maria do Carmo Figueredo Soares e George Félix Cabral de Souza. O segundo capítulo, "Quem são os(as) secretários(as) regionais da SBPC em Pernambuco?", aborda, de forma sucinta, a trajetória dos(das) vinte e três secretários(s) regionais da SBPC em Pernambuco. A redação é assinada por Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão, Maria do Carmo Figueredo Soares e Eric Bem dos Santos. O terceiro capítulo, "A voz dos(as) secretários(as) da SBPC Regional de Pernambuco", agrega os depoimentos de todos(as) os(as) gestores(as) que ainda permanecem entre nós, e a contribuição de familiares daqueles que faleceram, vindo a contribuir com informações e declarações afetivas que vão manter ainda mais viva a memória dos que já se foram. O texto foi sistematizado por Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão. O quarto capítulo, "As reuniões anuais e regionais da SBPC em Pernambuco", relata fragmentos da memória das Reuniões Anuais e Regionais da SBPC em Pernambuco, em texto assinado por Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira, José Antônio Aleixo da Silva e Marília Regina Costa Castro Lyra. O quinto, "Divulgação científica: o pioneirismo da SBPC Pernambuco", evidencia o pioneirismo na divulgação científica da SBPC-PE, com escrita de Marília Regina Costa Castro Lyra, José Antônio Aleixo da Silva e Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira. O sexto capítulo, "SBPC Regional Pernambuco no Jornal da Ciência", realiza um levantamento de publicações dos(as) secretários(as) da SBPC Regional Pernambuco na referida mídia, elaborado por Eric Bem dos Santos e Chiara Natércia França Araújo. O sétimo capítulo, "SBPC-PE desbravando o mundo virtual", traz a trajetória da incursão da SBPC-PE no mundo virtual, escrito por Chiara Natércia França Araújo, Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão e Maria do Carmo Figueredo Soares. O oitavo capítulo, "Mulheres na ciência: secretárias da SBPC-PE", traz registros sobre as mulheres secretárias da SBPC-PE, buscando desse modo dar visibilidade à história das mulheres em espaços de poder, Maria do Rosário de Fátima Andrade Leitão e Rosilene Dias Monteiro. Ao arrolar fragmentos da memória coletiva em forma de capítulos, buscou-se compilar e estabelecer as relações entre a SBPC, em seus quase 72 anos de existência, no diálogo com o ambiente que envolve educação, ciência, tecnologia, inovação e cultura em Pernambuco. Buscaram-se, assim, registros até mesmo a partir de depoimentos, documentos e informações que, muitas vezes, não estão visibilizados pela memória e pela historiografia oficiais. Em síntese, foi dado um passo significativo no projeto de memória institucional da SBPC-PE, o qual fomenta, com esta publicação, o processo de preservação e divulgação da história desta regional. A escrita do livro, serviu para fortalecer os vínculos de pertencimento a uma identidade institucional e a relação com outras instituições do Estado, do Brasil e do mundo.