Uma das ganhadoras da primeira edição dedicada às “Meninas Cientistas”, Juliana Davoglio Estradioto conta como o reconhecimento ajudou a consolidar a sua escolha profissional. Inscrições para a 6ª edição estão abertas até 7 de novembro, com premiação de até R$ 10 mil reais

Com inscrições prorrogadas até 7 de novembro, o Prêmio Carolina Bori “Ciência e Mulher” é uma vitrine para jovens cientistas. Premiada na primeira edição dedicada às pesquisadoras em início de carreira, em 2021, Juliana Davoglio Estradioto encontrou na premiação a validação da sua escolha profissional.

“Foi algo muito especial para mim, porque eu já tinha terminado o ensino médio quando eu ganhei o prêmio, ele encerrou essa fase da minha vida. Eu já tinha me mudado para começar a faculdade, muitas coisas novas estavam acontecendo na minha vida, e o prêmio me relembrou bastante sobre o vínculo com o Brasil, sobre o quanto fazer pesquisa no ensino médio foi importante e mudou a minha vida”, conta.

Na época, Juliana foi premiada por um estudo realizado durante o curso técnico em Administração, realizado no Instituto Federal do Rio Grande (IFRS). A jovem cientista desenvolveu uma membrana biodegradável a partir da casca de noz macadâmia, aproveitamento de resíduos para biossíntese de celulose bacteriana.

“Às vezes, eu acho muito estranho, porque eu realmente descobri o que era apaixonada quando tinha 15 anos. É muito surreal, na minha opinião. Mas ter me envolvido com pesquisa no ensino médio definitivamente me permitiu perceber essa paixão, me permitiu entender que eu quero ser uma pesquisadora.”

Após o Prêmio, a cientista começou a sua formação internacional com a graduação na Northwestern University, localizada nos Estados Unidos. “Fiz dois cursos na graduação, porque aqui você pode fazer mais de um curso ao mesmo tempo, e aí eu me formei com dois diplomas em junho, um em Comunicação e outro em Engenharia de Materiais”, ressalta. Neste ano, Juliana começou o doutorado direto no Massachusetts Institute of Technology (MIT).

“Eu ainda não sei se quero seguir numa carreira acadêmica, no sentido de ser uma professora, ou se eu vou para uma indústria, por exemplo. Mas eu definitivamente quero trabalhar com Pesquisa e Desenvolvimento, ser uma cientista. Eu adoro estar no laboratório, adoro todas as etapas de pesquisa, e acho que é uma coisa muito interessante porque me tira da zona de conforto e sempre me faz aprender coisas novas.”

A jovem cientista relata que conheceu a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) antes do Prêmio Carolina Bori, e recebeu antecipadamente a notícia sobre a criação da Premiação.

“Sempre me envolvi muito com a SBPC, fui em três Reuniões Anuais enquanto estava no ensino médio: em 2017, 2018, e 2019, se não me engano. Eu adorava ir, descobri muitas coisas sobre a Ciência do Brasil nas Reuniões Anuais. E eu lembro que numa das reuniões comentaram que o Prêmio Carolina Bori seria lançado, e achei muito interessante.”

Para ela, a Reunião Anual foi essencial no processo de se enxergar como cientista. “Acho que isso foi uma coisa que eu comecei a me interessar muito na Reunião Anual, sabe? Porque eu via os estandes, as pessoas falando sobre pesquisas, sobre laboratórios nacionais, muitas coisas que instigam as pessoas a se interessarem e a se apaixonarem por Ciência.”

Juliana defende que a Premiação ajuda a romper um cenário ainda presente em seu dia a dia – a presença majoritariamente masculina na produção científica, principalmente em determinadas áreas do conhecimento.

“Eu acho que prêmios como o Prêmio Carolina Bori são muito importantes para incentivar meninas na pesquisa. Nesse momento, por exemplo, um dos grandes choques do meu doutorado foi entrar numa sala e ser uma das únicas meninas no PhD em Engenharia. É difícil. E iniciativas como o Prêmio são muito importantes para estimular meninas a continuarem nessa trajetória e persistirem nos seus estudos, persistirem na Ciência, principalmente nas Ciências Exatas, onde a gente não tem tanta representatividade.”

A jovem cientista conclui que o Prêmio prova que jovens podem se desafiar a fazer coisas inovadoras e a produzir pesquisas de qualidade. “A gente tem muita curiosidade, muitas ideias, muita força de vontade, mas, muitas vezes, não temos tanta oportunidade, e o Prêmio é um lugar para as meninas brilharem.”

Inscrições para a 6ª edição do Prêmio foram prorrogadas até 7/11

As inscrições para a 6ª edição do Prêmio Carolina Bori “Ciência & Mulher” foram prorrogadas até 7 de novembro de 2024, e são voltadas a alunas cujas pesquisas de iniciação científica demonstrem criatividade, rigor metodológico e potencial para contribuir com o futuro da ciência no país. Com seis vencedoras – três do Ensino Médio e três da Graduação –, a premiação abrange as três grandes áreas do conhecimento: Humanidades; Biológicas e Saúde; e Engenharias, Exatas e Ciências da Terra.

A entidade, com patrocínio da Fundação Conrado Wessel e do Instituto Serrapilheira, oferecerá uma premiação em dinheiro às vencedoras da 6ª edição do Prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher”. Cada uma das estudantes premiadas do Ensino Médio receberá R$ 7 mil, e as vencedoras de Graduação levarão R$ 10 mil. Além do valor em dinheiro e troféu, as ganhadoras terão a chance única de apresentar seus trabalhos na 77ª Reunião Anual da SBPC, em julho de 2025, em Recife (PE), e ainda de participar de uma mentoria exclusiva com grandes nomes da ciência.

As interessadas devem ser indicadas por professores, orientadores, coordenadores de escola ou organizadores de olimpíadas e feiras científicas nacionais. Todas as informações sobre as regras de participação estão disponíveis no Edital do Prêmio. As indicações devem ser feitas exclusivamente pelo formulário online, disponível neste link, com os documentos solicitados anexados.

Para mais informações, visite o site da SBPC ou entre em contato pelo e-mail premiocarolinabori@sbpcnet.org.br.

Rafael Revadam – Jornal da Ciência

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