Após entrega de proposta ao presidente Lula na abertura da 5ª CNCTI, secretário-geral do MCTI apresentou mais detalhes sobre o documento

Fotos: Rodrigo Cabral- Ascom/MCTI

Seguindo com a programação da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5ª CNCTI), o secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Fernandes, apresentou, na noite de terça-feira (29/07), mais detalhes sobre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA).

A proposta do PBIA foi elaborada pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu seu texto final na abertura da 5ª CNCTI. Agora, cabe a Lula e sua gestão analisarem efetivamente o Plano para, assim, ocorrer a sua implementação.

“Para a concepção do Plano, nós partimos da compreensão transformadora que a Inteligência Artificial possui. Só que, para usufruirmos de seus benefícios, é necessário um aumento da capacitação tecnológica do País, além da formação de mais talentos humanos”, explicou o secretário-executivo do MCTI no início de sua fala.

Fernandes também ressaltou que os debates giraram em torno da percepção do uso da Inteligência Artificial para o bem. “Sabemos que se a estrutura da IA e seus impactos não forem bem delimitados, ela poderá reforçar desigualdades já existentes em nosso País.”

No PBIA, a equipe técnica prevê metas a serem alcançadas nos próximos 12 meses e a necessidade de investimentos de R$ 23 bilhões. “Nós fomos audaciosos, mas também realistas”, ponderou.

Esses recursos serão destinados a diversas frentes. Para o melhor aparelhamento da base tecnológica brasileira, é prevista a aquisição de um supercomputador que esteja entre os cinco mais potentes do mundo, além de investimentos na estrutura nacional de dados, o que ocasionará na criação de uma nuvem de dados totalmente brasileira.

São também previstos programas de capacitação e formação profissional de talentos em IA, e o desenvolvimento de modelos de linguagem totalmente em português.

Há, ainda, o apoio a projetos de Pesquisa & Desenvolvimento e a concessão de crédito a empresas que atuam no setor por meio de convênios com a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

O PBIA prevê que toda a infraestrutura de Inteligência Artificial a ser construída seja baseada unicamente no consumo de energia sustentável, e que essa IA totalmente brasileira opere, inicialmente, na integração das bases de dados governamentais já existentes e na melhora da eficácia dos serviços públicos digitais.

No Plano, também há o destaque à participação da iniciativa privada. Entretanto, a equipe organizadora teve dificuldades em mapear as ações do setor privado.

“Houve uma relutância muito grande do mercado em compartilhar conosco seus investimentos em IA. Entendemos, pois é uma questão estratégica das empresas. Então, consideramos no nosso valor total, de R$ 23 bilhões, apenas o recurso privado que virá da contrapartida exigida às empresas que pegarem empréstimos da Finep. Entretanto, sabemos que os investimentos privados no setor podem e devem ultrapassar esse valor.”

Para a idealização do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT) contou com o apoio de 117 instituições participantes. Foram mais de 40 propostas enviadas para análise do CCT, além de 6 oficinas realizadas com especialistas e mais de 30 reuniões.

“O PBIA é um plano aberto. Ele precisará ser constantemente atualizado, até para acompanhar as inovações tecnológicas que seguem surgindo no âmbito da IA”, concluiu Fernandes.

Rafael Revadam – Jornal da Ciência

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