O evento será no dia 28 de agosto, às 9h, no hall da Taquigrafia na Câmara dos Deputados, ao lado da mostra que conta a história dos cientistas Cesar Lattes e Johanna Döbereiner, que está no Corredor Tereza de Benguela – “Túnel do Tempo”
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realiza no dia 28 de agosto, às 9h, uma cerimônia de homenagem em comemoração a exposição “Cientistas do Brasil” sobre o centenário Cesar Lattes e Johanna Döbereiner. O evento será no hall da Taquigrafia na Câmara dos Deputados, ao lado da mostra que está no Corredor Tereza de Benguela – “Túnel do Tempo”.
A cerimônia contará com a participação das deputadas federais Jandira Feghali, patrona da mostra, e de Benedita da Silva, cujo gabinete financiou a mostra por meio de emenda parlamentar. Também participarão parentes de ambos os cientistas, além de representantes de instituições que colaboraram com a exposição, como a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPC), o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Com curadoria de Ildeu de Castro Moreira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e presidente de honra da SBPC, a mostra aborda a história desses dois cientistas, cujos centenários de nascimento se comemoram neste ano. Döbereiner e Lattes foram importantes para a ciência brasileira deixaram um imenso legado para o País e que persiste até hoje.
“Cesar Lattes é um dos cientistas brasileiros mais renomados do País. Ele fez muito pela ciência mundial e pela ciência no Brasil. Sua trajetória demonstra não apenas um comprometimento com a física experimental, mas também com o desenvolvimento científico do País. Lattes utilizou seu imenso capital científico para contribuir para a institucionalização e o avanço da ciência brasileira”, ressalta.
Lattes ficou conhecido por ser um dos descobridores da partícula subatômica méson pi (píon) nos raios cósmicos e depois em detectá-la em acelerador de parcícula. Ela tem tal importância que o Prêmio Nobel de Física foi concedido a Cecil Powell (1950), um de seus descobridores nos raios cósmicos, e o outro a Hideki Yukawa (1949), que previu a existência desta partícula importante para a coesão do núcleo atômico.
Para além de suas descobertas científicas, Cesar Lattes foi fundamental para a criação de várias instituições e centros de pesquisas. Um deles foi o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, que ajudou a fundar em 1949. Moreira cita ainda que, além do CBPF, ele foi um dos fundadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1951. A criação do CNPq foi um movimento estratégico para o desenvolvimento da ciência no Brasil.
Lattes, ainda, contribuiu também para o estabelecimento do Instituto de Física Gleb Wataghin, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e para diversas outras iniciativas importantes de cooperação científica internacional, como a Cooperação Brasil-Japão, iniciada por ele e Yukawa em 1959. Lattes foi indicado 7 vezes para o prêmio Nobel de Física.
Johanna Döbereiner, também homenageada pelo seu centenário de nascimento, “foi pioneira no estudo da biologia do solo e na pesquisa sobre a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) nas plantas por meio de bactérias descoberta que revolucionou a agricultura e que economiza, a cada ano, bilhões de dólares para a agricultura brasileira”, exalta Moreira.
Uma grande descoberta de Döbereiner, que a tornou cientificamente reconhecida no mundo, foi a de que gramíneas como o milho e o trigo também podem se beneficiar desse processo biológico.
Nascida em 28 de novembro de 1924 na então Tchecoslováquia, Johanna Döbereiner se formou em Engenharia Agrônoma pela Universidade de Munique, migrou para o Brasil em 1950 e se naturalizou brasileira. Trabalhou no Instituto de Ecologia e Experimentação Agrícola, hoje Embrapa Agrobiologia. Por seu trabalho, recebeu inúmeros prêmios internacionais e foi indicada ao Prêmio Nobel de Química, em 1997. Em 2018, foi homenageada em um selo postal brasileiro, juntamente com Cesar Lattes, e está consagrada como uma das maiores cientistas brasileiras.
Para Moreira, expor a vida desses cientistas nos corredores do Congresso tem como objetivo mostrar aos parlamentares e a todos que trabalham e passam pelo Congresso Nacional, a importância da pesquisa científica no desenvolvimento econômico e social do País e de se investir nela. “Queremos também mostrar que temos capacidade humana no Brasil capaz de contribuir para o seu desenvolvimento e que investir em ciência básica pode trazer benefícios significativos para o País”, finaliza Moreira.
Claudia Linhares Sales, secretária-geral da SBPC, afirma que a entidade vem fazendo um grande investimento em exposições como meio efetivo de divulgação e popularização da ciência. “Ao expor no Congresso Nacional, queremos não apenas que os parlamentares tenham dimensão da ciência que se fez e se faz no Brasil, mas também que esse conhecimento chegue ao grande público que transita pelo Congresso Nacional. Nos últimos anos fizemos belíssimas exposições no Congresso: Centenário do Eclipse de Sobral, Bicentenário do Fritz Muller e Faces da Ciência, esta última, em comemoração do bicentenário da independência, era uma pequena amostra de cientistas relevantes ao longo dos 200 anos da República. Mais uma vez, esperamos que essa exposição do centenário do Lattes e Döbereiner revele e sensibilize os parlamentares da importância fundamental para o Brasil dos investimentos em pesquisa científica”.
Serviço:
Cerimônia de homenagem – Exposição Cientistas do Brasil
Dia: 28 de agosto
Hora: 9h
Local: Hall da Taquigrafia na Câmara dos Deputados, ao lado da mostra que está no Corredor Tereza de Benguela – “Túnel do Tempo”.
Vivian Costa – Jornal da Ciência